Encontro lotou o auditório do Ilha Flat e reuniu cerca de 150 participantes.
Na noite da última sexta-feira, 11 de outubro, o Instituto Ilhabela Sustentável promoveu a 12ª edição de seu Evento Anual, que reuniu moradores, veranistas, representantes dos poderes Executivo e Legislativo e demais interessados no futuro da cidade, para apresentar os resultados de mais uma Pesquisa de Percepção Cidadã. Realizada desde 2007, a Pesquisa consolida dados que revelam como a população, fixa e flutuante, avalia a qualidade dos serviços públicos.
Neste ano, o formato das apresentações foi reformulado e ganhou uma versão mais dinâmica, comparando os resultados da Pesquisa de Percepção aos Indicadores de Qualidade de Vida e Gestão Pública, levantados anualmente pelo GOPI – Grupo de Orçamento Participativo e Indicadores, formado por voluntários técnicos que coletam e organizam dados de secretarias municipais e outros órgãos públicos, com o objetivo de traçar um panorama dos serviços prestados à população.
Convidada a abrir o evento, a Prefeita de Ilhabela, Maria das Graças Ferreira dos Santos Souza, Gracinha, fez um breve discurso de abertura, reafirmando seu comprometimento com a transparência e a gestão participativa. A Secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Bianca Colepicolo, tomando a palavra a pedido da Prefeita, comprometeu-se a encaminhar em breve, para divulgação do IIS, um resultado geral do atual estágio do Plano de Governo e ações a serem realizadas.
Georges Henry Grego, Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ilhabela Sustentável abriu as apresentações destacando que a essência do trabalho da entidade é manter a sociedade civil informada, estimular a participação cidadã e colaborar com o Poder Público para a construção de uma cidade melhor. Ele lembrou ainda que Ilhabela passa por um momento delicado e a que a gestão responsável dos recursos é crucial para o futuro do município.
“São imensos os desafios que o município, possuidor hoje do maior orçamento público per capita do país, tem que vencer para não permitir que isso destrua o imenso patrimônio natural, humano e cultural que aqui existe. A crescente ocupação desordenada, a falta de saneamento básico, o direcionamento de recursos públicos para atividades não prioritárias, a dificuldade de contar com gestores e quadro técnico capacitado, além da falta de harmonia entre os poderes, são ameaças que podem transformar essa montanha de recursos numa maldição e não numa benção”, afirmou Georges.
Eixos temáticos
As apresentações tiveram foco nas áreas de Mobilidade Urbana, Desenvolvimento Econômico, Saúde, Educação, Saneamento e Habitação.
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Carlos Nunes, Diretor Executivo do IIS deu início às apresentações, com os temas Mobilidade Urbana e Desenvolvimento Econômico. No eixo de Mobilidade Urbana, a pesquisa mostrou que, apesar de Ilhabela já enfrentar constantes problemas nesta área, o tema é pouco citado entre os assuntos considerados prioritários pelos entrevistados, figurando na penúltima posição entre as principais preocupações, com apenas 5,9% dos entrevistados mencionando como grande problema.
Os dados do eixo Desenvolvimento Econômico mostraram que, mesmo tendo o município a maior receita pública municipal per capita do Brasil, isso não se reflete na riqueza interna da população, que mantém uma média histórica onde quase metade da população pertence à classe E (rendimentos de até 2 salários mínimos). Outros 29%, ou seja, quase ⅓, pertence à classe D (entre 2 a 4 salários mínimos), 9% pertence à classe C (entre 4 e 10 salários mínimos) e somente menos de 2% pertencem às classes A e B (15% não responderam essa pergunta).
Convidada para apresentar o eixo de Saúde, a Dra. Janete Martinez Peres, Médica Ginecologista e Obstetra, que atua na Saúde Pública em Ilhabela desde 1989, lembrou que Ilhabela tem uma condição privilegiada, com um sistema de saúde eficiente, que pode melhorar em muitos pontos, mas que oferece um bom atendimento à população. Entres os destaques mostrados pela Pesquisa, o serviço de Saúde Pública, que historicamente quase sempre ocupou o topo das preocupações, agora passa a ocupar apenas a 8ª colocação entre as maiores preocupações, com apenas 23% dos entrevistados apontando esse serviço como um dos principais problemas a ser endereçado.
O eixo de Educação foi apresentado pela Professora Nanci A. Magalhães, Mestre em Educação, com diversas pós-graduações em Educação Especial, Psicanálise Clínica, Psicologia Clínica, Psicodrama e Psicopedagogia, que leciona atualmente no Ensino Fundamental em Ilhabela. Ela lembrou que a Educação Pública no município avançou, mas que com a condição econômica atual, pode avançar muito mais.
O dado que mais chama a atenção é o gasto per capita em educação, que em Ilhabela é de R$ 12.872,00, enquanto a média brasileira é de R$ 2.091,00. Mesmo assim, os Indicadores de Educação continuam abaixo da meta nacional. O problema que mais preocupa a população neste eixo é a falta de escolas ou creches. Atualmente, 141 crianças aguardam por vagas em creches, sendo que o maior déficit ocorre na Barra Velha, onde faltam 84 vagas.
Os dois últimos eixos foram apresentados por Gilda Nunes, coordenadora de Meio Ambiente do IIS e presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente. De acordo com a Pesquisa, Saneamento Básico é o primeiro de todos os principais problemas apontados: 62% da população, ou seja, quase ⅔, citou a coleta e tratamento de esgotos como o principal problema. Como esperado, a avaliação dos serviços que historicamente esteve entre 2,9 a 3,4, agora despencou para 1,9 (avaliação entre 1 a 5).
Sobre Habitação, 28% da população aponta a ocupação desordenada e falta de moradias como um dos principais problemas. A demanda estimada até 2020 é de 1.299 unidades habitacionais e até o momento nenhuma unidade foi entregue. Atualmente, Ilhabela conta com 17 núcleos de ocupação desordenada, sendo que o PPA – Plano Plurianual prevê até 2021 a regularização fundiária dos três maiores (Morro dos Mineiros, Cantagalo e Bexiga).
Depois da última apresentação, Georges Grego abriu o encontro às perguntas e ao debate público, mas antes ressaltou, citando como exemplo a Educação, que com tantos recursos disponíveis, os Indicadores de Ilhabela deveriam superar todas as médias nacionais. “Não me conformo em comparar os Indicadores da Educação com os índices do Brasil, onde os números são péssimos. Não podemos nos contentar com o razoável. Com os recursos que temos, devemos exceder as médias nacionais!”, concluiu.
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