Índice de Progresso Social

Outro modo de medir o sucesso de uma gestão (com um recorte para a RMVale)

O Índice de Progresso Social (IPS) é uma ferramenta gerida pela organização internacional Social Progress Imperative, desenvolvida por acadêmicos de instituições renomadas, como o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a Universidade de Harvard (Estados Unidos) e a Universidade de Oxford (Reino Unido). Este índice é adotado mundialmente como um indicador holístico que mede o desempenho social e ambiental de territórios, abrangendo países, estados e municípios.

O IPS é baseado em um conjunto de indicadores sociais que avaliam diretamente a condição de vida das pessoas, em contraste com medidas tradicionais de sucesso, como o PIB e o IDH, que se focam na riqueza econômica. Esta abordagem lembra a criação do FIB (Felicidade Interna Bruta) no Butão na década de 1970, que também buscava compreender o desenvolvimento além do aspecto econômico. Embora haja uma forte correlação entre o IPS e o PIB (com um coeficiente de correlação de Pearson em torno de 0,8), o IPS demonstra que um modelo de desenvolvimento humano baseado apenas no progresso econômico é incompleto.

O objetivo do IPS é oferecer uma medida das “coisas que realmente importam para pessoas reais”, funcionando como uma alternativa para definir o sucesso das sociedades. O índice é dividido em três dimensões, representadas por índices compostos: (1) necessidades humanas básicas, (2) alicerces do bem-estar e (3) oportunidades.

O IPS Global é publicado anualmente para 170 países e, no Brasil, é utilizado desde 2014 na Amazônia, desenvolvido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), uma iniciativa premiada internacionalmente.

Sob a liderança do Imazon, com a colaboração de seis instituições, oito parceiros e o apoio financeiro de seis grandes empresas, foi lançado em 3 de julho o IPS Brasil, o primeiro relatório abrangendo todos os 5.570 municípios brasileiros, com atualização anual prevista (https://ipsbrasil.org.br/).

Na análise dos municípios da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVale), São José dos Campos ocupa a 232ª posição entre todos os municípios, mas é o primeiro colocado entre os 39 municípios da região, com um índice de 66,36. Natividade da Serra aparece na última posição, com um índice de 55,98. No Litoral Norte, Ilhabela está na 12ª posição com 64,96, São Sebastião na 15ª com 61,74, Caraguatatuba na 16ª com 61,54, e Ubatuba na 35ª com 57,08.

Apesar de o IPS não priorizar uma análise econômica, ao comparar os valores per capita dos orçamentos municipais, os três municípios do Litoral Norte (Caraguatatuba, Ilhabela e São Sebastião) estão entre os mais abastados do país, com destaque para Ilhabela, cujo orçamento municipal é aproximadamente sete vezes a média nacional. Isso ilustra claramente o princípio do IPS, mostrando que recursos financeiros não necessariamente se traduzem em desempenho social e ambiental.

*Carlos Nunes, consultor, pesquisador do programa Ambiente, Saúde e Sustentabilidade e Cidades Globais da USP, cientista e jornalista de dados.

Post a comment