Moradores de Castelhanos e Ilha dos Búzios visitaram as comunidades de São Gonçalo e do Quilombo do Campinho da Independência
Para estimular a troca de experiências e saberes entre comunidades tradicionais caiçaras e quilombolas da região da Costa Verde, que vai do litoral sul do estado do Rio de Janeiro até o litoral norte de São Paulo, o Projeto “Comer e Morar – Viver no Território Tradicional da Mata Atlântica”, realizou no mês de março um intercâmbio entre as comunidades caiçaras da Praia de Castelhanos e Ilha dos Búzios com comunidades tradicionais do Quilombo do Campinho da Independência e São Gonçalo, ambas localizadas em Paraty/RJ.
“É na troca de saberes que o conhecimento se amplia e se aperfeiçoa, de forma interdisciplinar e descentralizada”, explica Paula Carolina Pereira, coordenadora do projeto, ao ressaltar que um dos objetivos da vivência é estimular a valorização e preservação como forma de resistência e manutenção da cultura tradicional.
No primeiro dia da atividade, o grupo formado por caiçaras das duas comunidades de Ilhabela, acompanhado pela equipe técnica do projeto, visitou a comunidade tradicional caiçara de São Gonçalo, em Paraty. Durante a vivência, foi apresentada a história da luta e a resistência pela garantia da terra, a gastronomia, os núcleos familiares e o modo de vida das comunidades de São Gonçalo e São Gonçalinho, localizadas no entorno da Área de Proteção Ambiental Cairuçu, Estação Ecológica de Tamoios e do Parque Nacional da Serra da Bocaina.
No dia seguinte, a vivência aconteceu no Quilombo do Campinho da Independência, com a contação de história conduzida por uma das mulheres mais velhas da comunidade, chamada griô (detentora dos saberes), com apoio de uma palestrante local. Elas transmitiram ao grupo toda a história de resistência e de luta da comunidade falaram sobre sua organização política e social.
Fundado no fim do século 19, com a decadência do regime escravocrata, o Quilombo do Campinho da Independência foi organizado por três mulheres: a Vovó Antonica, Tia Marcelina e Maria Luíza, que com base no regime matriarcal conduziram a formação e desenvolvimento do quilombo.
O Campinho é referência na luta quilombola, no turismo de base comunitária (TBC), na prática da agroecologia, no protagonismo das mulheres, na formação das juventudes, na gestão da associação, entre tantas outras frentes.
Depois de participar da roda de conversa, o grupo conheceu o Restaurante do Quilombo, que é um empreendimento comunitário auto gerido. Inaugurado em 2007, é referência em organização comunitária: gera trabalho e distribui renda, fomenta a produção agroecológica na região, mantém relação solidária de comércio com pescadores das comunidades caiçaras do entorno e oferece aos visitantes culinária típica, produzida de forma sustentável.
Após a refeição, os visitantes fizeram uma caminhada pela comunidade, passando por áreas de agroflorestas onde a guia local relatou um pouco sobre o sistema de plantio que desenvolvem na comunidade e usos medicinais de algumas plantas, núcleos familiares, casa de farinha e casa de artesanato.
De acordo com a equipe técnica do projeto, o intercâmbio foi mais um importante passo para o fortalecimento e valorização das comunidades tradicionais, mostrando que a união e a organização comunitária são fundamentais para garantir a permanência destes povos em seu território, a preservação de sua cultural e o respeito aos seus costumes e modo de vida.
O Projeto “Comer e Morar – Viver no Território Tradicional da Mata Atlântica” é promovido pelo Instituto Ilhabela Sustentável, por meio de um Edital de Inclusão Socioprodutiva da Fundação Banco do Brasil e conta com a parceria da Associação Castelhanos Vive.
Para conferir o álbum de fotos do intercâmbio, clique aqui.
Para saber mais, visite a página: www.facebook.com/comeremorar