llhabela vive, ao contrário do Brasil que se debate nos últimos anos com uma crise econômica e política sem precedentes, na contramão dessa crise com suas receitas municipais anuais evoluindo de R$ 80 milhões em 2009 para cerca de espantosos R$ 500 milhões em 2016!
Por outro lado, e como no resto do país, observa uma forte inversão de valores que se manifesta com um estranho fenômeno: os investigados se rebelam contra a justiça e acusam seus denunciantes de desvio de conduta, parcialidade e abuso de autoridade.
O prefeito que ora se despede e que na maior parte do tempo dificultou enormemente a participação da sociedade civil durante os últimos anos, reage contra todo tipo de discordância e acompanhamento social, com truculência e ataques pessoais. Quer fazer crer à população, que nas inúmeras vezes em que teve barrados nos tribunais as licitações e outros atos governamentais por irregularidades, a causa reside nas “picuinhas” de quem as apontou e não nos responsáveis por cometê-las. Como se ausência de projetos, falta de licenciamentos e outros graves problemas, devessem ser ignorados como meras “questões de vírgulas”.
Seus canhões, não apenas se dirigem contra os cidadãos e instituições da sociedade civil a quem chama de “os mal amados”, mas também com públicas declarações que já desrespeitaram fortemente o Poder Judiciário local, o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado, a Polícia Federal, a Polícia Civil, a OAB e o Poder Legislativo, mostrando o quanto se considera acima da lei e das instituições.
Durante os anos desta gestão, os conselhos municipais foram tratados com descaso, ignorando suas atribuições deliberativas e consultivas, isto quando não foram desarticulados completamente, deixando de prestar contas e aplicando recursos sem consultá-los.
Igualmente, audiências públicas foram meros espetáculos de propaganda oficial, nunca respeitando embora não obrigatório, em seus resultados, a vontade da maioria esmagadora da população presente.
Não é justo ignorar conquistas desta administração como o Corpo de Bombeiros, novas bibliotecas, estímulos ao esporte e cultura e melhoria em instalações de escolas – embora estas últimas não tenham se refletido na melhora dos indicadores educacionais, como o IDEB. Mas a qualidade de muitas obras que tiveram que ser refeitas em curto espaço de tempo, repasses milionários a associações com a intenção de contornar a lei de responsabilidade fiscal, gastos sem precedentes com shows, desapropriações milionárias e desnecessárias, falta de fiscalização com crescimento das ocupações desordenadas e contas rejeitadas, ofuscam o restante.
Tudo isso foi seguramente decisivo na avaliação da população, que não se contenta mais em medir a qualidade de uma administração pelo discurso ou pela quantidade de obras, e mostrou sua insatisfação nas urnas votando por uma mudança, na esperança de ver maior transparência, mais participação cidadã e sobretudo políticas públicas sem desperdício e que resultem em melhoria da qualidade de vida, além de preservar parte dos recursos para futuros incertos.
A administração eleita tem declarado repetidas vezes que tratará com zelo os recursos públicos, será transparente, dará voz à sociedade civil, fará um planejamento de médio e longo prazo, promoverá investimentos e melhorias nas áreas de saúde, educação e saneamento, transformando os Planos Municipais em efetivos instrumentos de gestão, tudo sem descuidar de implementar algum fundo que garanta recursos para quando os royalties não fluírem mais com tamanha generosidade. Queremos e vamos acreditar nisso, desejando sucesso aos novos gestores e renovando, como sempre o fizemos, nossa oferta de colaboração.
Esta esperança é o que nos leva nesse final de ano a crer que Ilhabela pode vir a ser um modelo diferente, não só no que diz respeito a seu rico orçamento, mas sobretudo em seu comportamento democrático, profissional e justo.
Boas Festas a todos.