A preocupação com o tema Mobilidade Urbana, há muito, deixou de ser um problema de grandes metrópoles. Não por acaso, a Rede Cidades – por Territórios Justos Democráticos e Sustentáveis, da qual o IIS – Instituto Ilhabela Sustentável é membro, criou o projeto MobCidades, colocando o tema como prioridade número um.
Em nossa cidade, já enfrentamos esse problema, principalmente pelo crescimento exponencial da frota, ocorrida nos últimos 10 anos, que praticamente quadruplicou-se.
O IIS vinha, por meio de seus representantes no Conselho do Plano Diretor, fazendo constantes incidências para que o PlanMob – Plano Municipal de Mobilidade Urbana entrasse na pauta.
Em 2016, foi contratado pela prefeitura, o Instituto Mobilidade Verde, para desenvolver o plano, cuja proposta seria fazer parte da revisão do Plano Diretor, porém por diversos percalços que não merecem ser mencionados, a minuta ficou aquém do desejado e foi reprovado pelo Conselho do Plano Diretor. Já se vão quase dois anos, e o mesmo ainda não foi retomado.
Porém, os investimentos, provindos principalmente da grande receita dos Royalties, continuam ocorrendo, sem ter um plano de mobilidade aprovado, e o que vemos é que continua-se dando prioridade de investimentos no modal automóvel, com mais de R$22 milhões investidos em Pavimentação/Calçamentos em 2017, favorecendo metade da população, que utiliza o carro todos os dias, e insignificantes investimentos em melhorias e construção tanto de Calçadas, como de Ciclovias, ignorando os 23% da população que utilizam bicicleta, e os dois terços da população que avaliou as calçadas como ruins ou péssimas. Não comentamos neste artigo o tema acessibilidade, pois nem números temos para tecer comentários.
Assim vamos consolidando de forma equivocada cada vez mais a priorização do modal Automóvel, que já está esgotado e distanciando-se cada vez mais dos outros modais.
Algumas ações paralelas, como a tentativa de licitar-se um sistema de compartilhamento de bikes, originado na Secretaria de Turismo, que seria uma ótima alternativa, não prosperou, principalmente pela inexistência de um Plano, sem visão de futuro, e ainda carece de melhores opções de ciclovia e ciclofaixa.
Sobre o modal transporte público, constatamos que foram repassados à empresa Fenix (transporte coletivo) R$ 5,7 milhões, sendo R$ 4,6 milhões apenas com subvenção. Em 2016, esse repasse de subvenção era de R$ 2,8 milhões. Se não houve aumento significativo na frota, nem novas rotas, as melhorias que poderiam justificar esse aumento recaem na instalação de WiFi nos coletivos, a implantação do aplicativo CittaMobi, e eventual renovação da frota, que apesar de ser um serviço à população, em nada altera a situação de mobilidade no município.
No modal aquaviário, que seria uma das vocações de um município arquipélago, temos no serviço travessia uma péssima qualidade de atendimento, ratificada pela nossa pesquisa #deolhonabalsa, além da necessidade de estruturar o sistema de embarque com a utilização das chamadas “gavetas” para a atracação, não apenas para dar maior fluidez, mas também para evitar as paradas devido as intempéries que normalmente ocorrem. Ai entramos em um dilema: se todas as balsas estiverem trabalhando em sua capacidade plena, teríamos uma capacidade em torno de 500 veículos/hora, o que provavelmente diminuiria a ocorrência de fila, por outro lado, um aumento nessa capacidade de travessia nos traria maiores transtornos na mobilidade interna. Ressurge então uma antiga discussão “temos que limitar a quantidade de veículos que entram na Ilha”. Mas para qual numero? Temos que, antes de mais nada, darmos alternativas de outros modais internamente. Novamente caímos na necessidade de term um Plano, que faça um estudo de capacidade de carga do município, considerando-se todas nossas restrições ambientais, e de mobilidade.
Ainda, esperamos ter um desfecho final para o modal aquaviário, aquabus, no qual já foram investidos em torno de R$ 5 milhões nas embarcações, e por falta de planejamento prévio, continuam atracados em alguma marina, corroendo o erário público.
A luz no fim do túnel veio na reunião entre o Conselho do Plano Diretor e os consultores professores da USP, a provável contratada para proceder a revisão do Plano Diretor, onde então ficou estabelecido que o Plano de Mobilidade será parte integrante desta revisão do Plano Diretor.
O IIS, recentemente aderiu à Campanha nacional “Bicicleta nos Planos”, campanha essa que possui uma metodologia de como incidir na construção dos planos, e incentivar esse modal.
Importante lembrar que durante o 3º Fórum Municipal de Mobilidade Urbana Sustentável de Ilhabela, ocorrida no Dia Mundial Sem Carro em 2017, diversas discussões vieram à tona, como resultado tivemos uma lista de sugestões: (Vide link abaixo), que podem incorporar o diagnóstico do futuro PlanMob.
Então, #PlanMobjá.