O governo paulista anunciou na última sexta feira, 07/08/2020, a reclassificação do Plano São Paulo, passando também a RMVale (Região Metropolitana Vale do Paraíba, Litoral Norte e Mantiqueira) para a fase amarela.
Para ajudar na compreensão da situação do município de Ilhabela, faremos adiante uma análise dos números do município, focada estritamente na visão estatística, sem entrar em considerações sobre o sistema de saúde, que não é nossa especialidade.
Primeiramente, devemos saber que há um consenso de que a taxa de letalidade mundial, ou seja, o percentual de óbitos em relação aos casos testados positivos, é na média de 1%, ou seja, para cada 100 infectados, estatisticamente um virá a óbito.
Podemos portanto. se fizermos o raciocínio reverso, partindo do número de óbitos, concluir que esse indicador mostraria o número real de casos positivos, bem diferente dos números normalmente notificados.
Tomemos o estado de SP como exemplo: com 24.735 óbitos nesta data, aplicando inversamente a taxa de 1%, estatisticamente deveriam existir 2.473.500 casos positivos. Porém, os boletins mostram 608.379 casos notificados. Conclui-se que, estatisticamente temos uma subnotificação (Subnotificação = Casos não notificados, por falta de testes e/ou falta de sintomas) de aproximadamente 75%, inferindo-se então que o número real de infectados seria quatro vezes maior que número informado oficialmente, ou seja, para cada um notificado, existem possivelmente mais três subnotificados, provavelmente por apresentarem poucos ou nenhum sintoma.
Aplicando essa fórmula aos dados do Brasil e de algumas regiões, os números são similares, ou seja, com raras exceções, nos municípios existe essa subnotificação entre 70 a 80%.
No município de Ilhabela, com 8 óbitos, estatisticamente deveríamos ter em torno de 800 casos. Como já existem 1083 confirmados e consequentemente notificados (gráfico 2), estatisticamente estamos próximos de zero de subnotificação, ou seja, esse número está muito próximo do número real de casos no município, embora estatisticamente não seja possível ignorar uma pequena margem de erro.
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Analisando dados de outras regiões e municípios, não encontramos nenhum outro local com mesmo nível de notificações.
Isso está diretamente relacionado com o número de testes. Vejamos então a comparação estatística desse indicador TESTES.
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O estado de SP conta com 1,7 milhão de testes nesta data, representando uma taxa de 39/1000 habitantes. No Brasil esse indicador é de 14/1000 habitantes. Buscamos encontrar o melhor indicador internacional, e encontramos a Islândia com 140/1000 habitantes. Nos USA a relação é de 100/1000 habitantes. Em Ilhabela foram aplicados 7378 testes (gráfico 1), resultando para esse indicador, o valor de 184/1000 habitantes (gráfico 5).
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O melhor município brasileiro encontrado além de Ilhabela, foi Araraquara que apresentou um valor de menos da metade dessa taxa.
Obviamente que o número de casos continuará aumentando, e portanto, o ideal seria sempre aumentar proporcionalmente o número de testes.
O coeficiente de infectados no Brasil como um todo é de 14 casos / 1000 habitantes, porém se considerarmos a subnotificação, o valor real desse indicador seria de 47/1000 habitantes. Em Ilhabela, onde temos o número próximo ao real de casos, temos 27/1000 habitantes. Este é um valor médio, porém três dos 31 bairros computados apresentam média acima dessa brasileira, a saber: Barra Velha com 55/1000 hab., Costabela com 61/1000 hab., e Ponta Azeda com 53/1000 hab.
Em relação ao coeficiente de letalidade médio em relação à população total, USA, Brasil e estado de SP são similares, próximos a 45 óbitos/100.000 habitantes.
No município de Ilhabela, considerando-se 40.000 habitantes (o que é mais próximo da realidade, do que os números oficiais do IBGE) com 8 óbitos, temos 20 óbitos/100.000 habitantes (gráfico 6), ou seja, menos do que a metade da média brasileira e paulista.
Falando agora de um dos indicadores utilizados para colocar as regiões em uma ou outra fase e para fins de comparação, atualmente o estado de SP está com uma média de 60% de taxa de ocupação de UTIs, Caraguatatuba com 47%, e São José dos Campos com 77%. Em Ilhabela, temos 9 leitos UTIs, porém foram destinados 5 exclusivamente para o COVID-19 e 4 para outras patologias. Considerando-se apenas os leitos exclusivos, com 2 internados em UTI, temos um percentual de 40% de ocupação. Se considerarmos todos os leitos tanto de UTI quanto de enfermaria, temos uma baixa ocupação de 11% (gráfico 7).
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E finalmente tentaremos fazer uma interpretação do indicador R, que é a taxa de reprodução (ou taxa de contágio). Para compreensão, um R = 2, indica que cada indivíduo Covid19-ativo está infectando outros 2, nesse caso formando um efeito pirâmide. Um R = 1 significa manter-se uma taxa horizontal de contaminação, e um R abaixo de 1, indica uma tendência de diminuição futura de contágio.
Para calcular esse número, teríamos que conhecer o número de infectados ativos que, como vimos anteriormente e devido à subnotificação, é de difícil obtenção.
Mas como em Ilhabela, a subnotificação é aparentemente muito pequena, podemos nos atrever a fazer uma análise, ainda que sujeita a contestação: considerando-se o número de Covid-19 ativos (Gráfico 4) e os novos casos (Gráfico 8 ), parece justo assumir que o valor de R situa-se abaixo de 1, o que indicaria uma tendência de desaceleração na taxa de contaminação.