Atendendo ao apelo da sociedade civil, prefeito Toninho Colucci garante que população participará da revisão do mapa do gerenciamento costeiro em Ilhabela

Audiência pública convocada pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente contou com a participação de mais de 500 pessoas, incluindo moradores das comunidades tradicionais de Castelhanos e Bonete, que se manifestaram contra a proposta de zoneamento apresentada pela prefeitura.

Convocada pelo Governo do Estado após várias manifestações populares contrárias a atual proposta de Zoneamento Econômico Ecológico que integra o Plano de Gerenciamento Costeiro do Litoral Norte, a audiência pública realizada na última segunda-feira, dia 12 de agosto, no Ginásio Municipal do Itaquanduba, em Ilhabela, reuniu centenas de moradores e representantes de entidades da sociedade civil organizada, que tiveram a oportunidade de registrar suas opiniões e anseios e de ouvir de representantes do Governo Estadual, do Ministério Público Estadual e Federal e dos poderes executivo e legislativo municipais, explicações e esclarecimentos sobre o processo de elaboração e aprovação do decreto, composto por textos e mapas, que definirá o gerenciamento e a ocupação territorial da região.

Presidida pelo Secretário Executivo do CONSEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente, Dr. Germano Seara Filho, a audiência foi composta por três fases. Na primeira, o Promotor Público Estadual, Dr. Tadeu Salgado Ivahy Badaró Júnior esclareceu alguns aspectos legais que envolvem o gerenciamento costeiro e as consequências do zoneamento e lembrou que Ilhabela é formada por dois dos cinco ecossistemas protegidos pela Constituição Federal “De acordo com a Constituição Federal de 1988, cinco ecossistemas recebem proteção especial: a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. Ilhabela é formada por dois deles, a Mata Atlântica e a Zona Costeira, e por isso qualquer processo que envolva a ocupação do solo na região merece atenção especial” explicou o promotor. 

Na segunda fase da audiência, o espaço foi aberto à manifestação popular, começando com representantes de entidades civis, seguidos por cidadãos que não representam entidades, membros do poder legislativo e executivo. Entre as principais preocupações apontadas pelos participantes, está a necessidade de propor uma emenda da Lei Estadual, com objetivo de dirimir alguns conflitos existentes, principalmente em relação à criação de subzonas, e de detalhar melhor os tipos de uso em cada zona. Também foi destacada a importância de não reiniciar as discussões de pintura de mapa sem que antes esteja terminada a minuta do texto do decreto.

Representando as comunidades tradicionais de Bonete e Castelhanos, ameaçadas pela proposta de urbanização apresentada pelo mapa em discussão, caiçaras nativos das duas praias falaram sobre a importância de preservar o local e o modo como vivem e também se manifestaram contra as alterações previstas no zoneamento da região. 

Em relação ao zoneamento destas praias, a promotora pública federal, Dra. Maria Rezende Capucci explicou que, no caso das comunidades tradicionais, que também são protegidas por legislação específica, o processo que determina a ocupação das áreas onde vivem só é válido se contar com a participação de seus representantes em todas as etapas, pois nestas regiões é vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justificam sua proteção.

Depois de ouvir as manifestações e opiniões de todas as pessoas que se inscreveram para falar na audiência, o prefeito Toninho Colucci declarou que o mapa apresentado pela prefeitura será revisado com a participação da sociedade civil, através de novas discussões e de audiências públicas “Vamos defender a vontade da maioria, o que a sociedade de Ilhabela e todos nós queremos para os próximos 10 anos”, concluiu o prefeito.

A terceira fase da audiência, destinada às réplicas e considerações finais, foi encerrada com as considerações do biólogo Luiz Roberto de Oliveira, conhecido como Bepo, que é coordenador do Gerenciamento Costeiro de São Paulo pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Ele ressaltou que o trabalho do grupo setorial, que já dura dois anos, deve continuar e que, após a conclusão da revisão do texto, a revisão do mapa atual terá novas discussões com a comunidade, através de reuniões em diferentes regiões dos quatro municípios envolvidos – Ilhabela, São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba. Concluída a proposta nesse grupo, o documento composto de texto e mapas será remetido à Secretaria do Meio Ambiente para avaliação técnica e jurídica com a posterior realização de novas audiências públicas nos municípios. Encerrada esta etapa, que ainda não tem prazo definido, a proposta será submetida à aprovação do CONSEMA e posteriormente encaminhada para a sanção do Governador. 

Antes do Secretário Executivo do CONSEMA anunciar o fim dos trabalhos, parabenizando a população de Ilhabela pela participação, manifestaram-se ainda Zuleica Maria de Lisboa Perez,  Coordenadora da CPLA – Coordenadoria de Planejamento Ambiental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Jefferson Rocha de Oliveira, membro do CONSEMA, elogiando o nível de todas as manifestações.

Portanto, a audiência pública foi fundamental para dar início ao processo de diálogo com a comunidade, mas é importante lembrar que ela é apenas o primeiro passo e que a participação nas próximas etapas é fundamental para que juntos a prefeitura e a sociedade civil possam chegar ao desenho de um mapa que contemple as necessidades de desenvolvimento do município, a legislação vigente e a preservação do patrimônio ambiental, histórico e cultural de Ilhabela. Informe-se e participe!

 

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