Audiência Pública convocada pela prefeitura para apresentar à população a proposta de construção de um mirante no Morro da Cruz foi marcada por manifestações contrárias ao projeto.
A Audiência Pública promovida pela Prefeitura de Ilhabela na última quarta-feira (27/04) para apresentar a proposta de construção de um mirante no Morro da Cruz reuniu cerca de 150 pessoas, entre representantes de organizações da sociedade civil, moradores e veranistas preocupados com o futuro da cidade, que lotaram o auditório da Biblioteca Municipal, na Barra Velha, para assistir a apresentação do arquiteto Ruy Ohtake, autor do projeto.
Dividida em três etapas, a apresentação começou mostrando obras do renomado arquiteto em várias cidades brasileiras e terminou trazendo exemplos de mirantes e observatórios em diversos países do mundo.
Pouco detalhado na ocasião, o projeto proposto para Ilhabela foi apresentado em uma ilustração do mirante, de 25 metros de altura, sobre o Morro da Cruz. Também foi projetada uma planta baixa da parte térrea, que prevê a instalação de um bar e lojas de artesanato, e outra do salão do mirante, com capacidade para 120 pessoas, simultaneamente.
Em seguida, o espaço foi aberto para perguntas e manifestações do público presente, que de forma quase unânime se manifestou contra a proposta. Durante a semana, o assunto já havia gerado polêmica nas redes sociais, mobilizando centenas de pessoas que questionaram o projeto e destacaram dezenas de outras prioridades de investimento para o município.
Um abaixo-assinado organizado pela sociedade civil contra a proposta coletou quase 2.500 assinaturas em menos de uma semana e foi entregue por Carlos Nunes, do Instituto Ilhabela Sustentável, durante a audiência. Ele destacou em sua manifestação que este projeto teve início em Outubro de 2015 e só agora foi apresentado, por solicitação do Conselho do Plano Diretor, que nem sequer deu um parecer sobre a proposta. Ele também lembrou que o investimento para a construção não está previsto em nenhuma das peças orçamentárias como a LDO ou o PPA. O projeto entregue por Ruy Ohtake custou R$ 395 mil, dos quais R$ 276,5 mil já foram pagos. De acordo com o prefeito, a obra deve custar aos cofres públicos cerca de R$ 2,5 milhões.
Com argumentos que abordaram a falta de sincronia entre a proposta e a paisagem de Ilhabela, o conflito entre o projeto e as legislações vigentes, como o Plano Diretor e a Lei Orgânica do Município e, sobretudo, a necessidade de priorizar investimentos em áreas como saúde, educação, mobilidade urbana e saneamento, as pessoas que usaram o microfone para expor suas opiniões deixaram claro que a grande maioria da população presente não concorda com a construção do mirante.
Próximos passos – agora a proposta será analisada por uma comissão formada por membros do Conselho do Plano Diretor, que vai avaliar aspectos técnicos e legais e preparar um relatório. Este documento será submetido aos conselheiros e posteriormente o grupo deve emitir um parecer.