Dia Mundial Sem Carro e Dia Nacional do Trânsito – Ilhabela teve semana de discussão sobre questões relacionadas à Mobilidade Urbana e Violência no Trânsito

Ilhabela cresceu e, inevitavelmente, aumentou o número de automóveis nas suas ruas, criando problemas até então típicos das grandes cidades. O desenho urbano passou a priorizar o automóvel como consequência de políticas públicas subsidiadas por todos para o benefício de poucos. Como reação a este contexto, vários movimentos de mudança estão emergindo em todo o mundo urbano, da Dinamarca à Colômbia, da Holanda ao Brasil, onde arquitetos e urbanistas, em conjunto com o Poder Público trabalham para devolver a cidade às pessoas que a habitam. “Cidades para as Pessoas” virou uma necessidade urgente.

A frota de veículos do município de Ilhabela cresceu 223% em dez anos (SEADE), e o trânsito, já intenso durante a semana, aumenta nos finais de semana com a presença dos veraneantes e turistas. Outro efeito é o aumento de acidentes de trânsito, só em 2012, foram atendidas no Hospital de Ilhabela 754 pessoas vítimas. É necessário encontrar soluções práticas para os problemas diários de mobilidade. 

Aproveitando o Dia Nacional do Trânsito neste contexto, no dia 25 de setembro a Prefeitura Municipal de Ilhabela, através da Secretaria da Saúde, lançou a Campanha “Eu te respeito. Ilhabela, Paz no trânsito”, na Câmara. Foram apresentados alguns indicadores sobre acidentes de trânsito em Ilhabela, sobre ações da divisão de trânsito e sobre os investimentos em reurbanização e propostas de mobilidade urbana para a cidade. Também foi apresentado o Decreto Municipal 3709/13, que institui o Observatório Municipal de Trânsito, que será uma ferramenta de operação e fiscalização do trânsito na cidade, identificando os lugares onde mais acontecem acidentes, com um banco de dados georreferenciado.

Também no sentido de encontrar soluções, e seguindo a tradição, desde 2010, de promover o Dia Mundial Sem Carro (22/09), este ano o Instituto Ilhabela Sustentável juntou-se a outras entidades, Associação de Arquitetos e Engenheiros de Ilhabela e 11630.ORG, para promover o Fórum PENSANDO A ILHABELA QUE VIVEMOS 3, sobre Mobilidade Urbana, no dia 26 de setembro. 

O evento trouxe para o debate o fotógrafo e cicloviajante Felipe Baenninger, do TRANSITE, um projeto de documentação fotográfica que tem como tema as bicicletas e os brasileiros, numa jornada em busca de histórias instigantes envolvendo a bicicleta. Ele reforça que o brasileiro já tem uma relação muito forte com a bicicleta, e deu exemplos de cidades pelo Brasil onde essa relação é valorizada e priorizada.

Trouxe também o consultor em assuntos de Acessibilidade e Inclusão, Teo Uberreich. Portador de deficiência física desde os dois anos de idade, é cadeirante e credenciado pela municipalidade como o interlocutor oficial para assuntos de acessibilidade, tendo colaborado com a atual gestão na implementação dos acessos às praias do Julião e do Oscar, entre outros projetos para a iniciativa privada, sendo um grande defensor da inclusão e acessibilidade especialmente para os deficientes físicos. Teo reforçou que Ilhabela tem urgência nessa questão, pois como município indutor de turismo para a Copa de 2014, tem o dever de ser uma cidade acessível para todos.

O terceiro convidado, Lincoln Paiva, é especialista em Mobilidade Urbana para países em desenvolvimento, presidente da Green Mobility do Instituto Mobilidade Verde. Ele deu exemplos de cidades da América Latina que encaram a mobilidade urbana não somente como projetos para aumentar a capacidade de transporte, mas como meio de desenvolver a cidade em suas diversidades.  Ele defende a construção de espaços para as pessoas e projetos que visam ampliar a noção do uso do espaço público, cidadania e desenvolvimento urbano social. Ele insiste que os projetos devam desenvolver os bairros, melhorando a vida das pessoas sem que elas necessitem fazer grandes deslocamentos de carro ou transporte público para acessarem trabalho, educação, saúde e lazer. É importante ter transportes públicos de qualidade, mas também é importante acessar as atividades diárias em não mais de 20 minutos a pé”.

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