Projeto Comer e Morar inicia levantamento da agrobiodiversidade caiçara

Oficinas e pesquisas de campo nas comunidades de Castelhanos e Ilha dos Búzios vão identificar a diversidade agrícola e a situação produtiva atual, com o objetivo de resgatar os  agroecossistemas tradicionais.

Durante o mês de novembro, a equipe do Projeto “Comer e Morar – Viver no Território Tradicional da Mata Atlântica” realizou visitas técnicas nas comunidades tradicionais de Castelhanos e Ilha dos Búzios, para dar início ao levantamento da agrobiodiversidade e da situação produtiva atual. Os dados vão compor um diagnóstico da situação do manejo agroflorestal praticado antigamente e hoje.

A partir de entrevistas com os moradores mais antigos, que em um passado recente praticavam a agricultura comercial e de subsistência, a equipe iniciou o levantamento de antigas roças e cultivares, e o reconhecimento de espécies nativas que tradicionalmente eram consumidas pelos caiçaras, como a brejaúva, o limãozinho do mato e o pati.

Em relação à produção atual, esta primeira etapa do levantamento apontou que a situação da cultura agrícola caiçara é alarmante. Algumas pessoas mantêm em seus quintais poucas plantas, e somente poucas roças encontram-se ativas. O abandono da prática da agricultura vem provocando a erosão da diversidade agrícola, através da perda de variedades tradicionalmente cultivadas.

A identificação destas espécies e o mapeamento de antigas roças e quintais agroflorestais vai permitir o resgate de variedades da agrobiodiversidade, de modo a reproduzir plantas perdidas e aquelas que não dispõem de fontes de propágulos. As antigas roças hoje se encontram em meio à floresta em regeneração e foi indicada a presença de cultivares antigos ainda estabelecidos como banana, café, cará branco e cará roxo, jaca, limão, araçá e mexerica.

Estes cultivares deverão ser os primeiros produtos agroflorestais a serem manejados, por já estarem estabelecidos e em produção, possibilitando colheitas em um curto espaço de tempo, comercialização do excedente e inclusão dos produtos em cardápios dos comércios locais.

As conversas com os caiçaras também mostraram seu interesse pelo resgate da relação com a terra, revelaram saberes que precisam ser registrados e transmitidos às futuras gerações e acentuaram a importância de preservar o sistema complexo de conhecimentos tradicionais necessários à manutenção da sociobiodiversidade, que atualmente se encontram ameaçados.

O Projeto “Comer e Morar – Viver no Território Tradicional da Mata Atlântica” é promovido pelo Instituto Ilhabela Sustentável, por meio de um Edital de Inclusão Socioprodutiva da Fundação Banco do Brasil e conta com a parceria da Associação Castelhanos Vive.

Para saber mais, visite a página: www.facebook.com/comeremorar

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