Saiu na Mídia: Filhotes de maritacas destroem fiações e sofrem maus tratos

Fonte: Jornal Imprensa Livre – 05/11/2014

Ambientalista orienta como evitar a procriação nos telhados e alerta para importância de preservar os ninhos da espécie silvestre

Daniela Malara Rossi

Com o avanço da urbanização no município, muitas espécies de animais vêm perdendo seus territórios naturais. É o caso das maritacas, que acabam tendo que fazer seus ninhos em lugares alternativos, como o forro de telhados residenciais e comerciais. Os animais se reproduzem entre os meses de setembro e março e, desde o início desta data, diversos acidentes já foram registrados na região central da cidade, como a queda de energia, corte de internet e curtos circuitos, causados pelos filhotes que precisam afiar seus bicos e acabam utilizando as fiações dos estabelecimentos para isso. Estes incidentes geram problemas ainda maiores, como maus tratos e até a morte da espécie. Muitos moradores que se incomodam com os pássaros e os prejuízos causados acabam retirando os ninhos dos telhados e jogando fora, fato que se enquadra como crime ambiental, pela lei de preservação dos animais silvestres.

Segundo dados do Grupo de Gestão da Fauna Silvestre de Ilhabela (Gesfaui), esta espécie é uma das mais encontradas em situações de perigo no arquipélago. Silvana Davino, responsável pela área de soltura de aves Cambaquara, diz que estes acidentes podem ser evitados com algumas medidas simples. 

“O ideal é colocar telas de alumínio nos telhados para evitar a entrada dos casais de maritacas. A ideia é usar um material resistente às bicadas e que mantenha a casa arejada. Porém, caso a procriação já esteja em andamento, a lei ambiental exige que os filhotes ou ovos sejam preservados, o que não constitui nenhum esforço extraordinário, já que em no máximo três meses eles poderão voar e abandonarão o local”, explica ela.

Porém, muitos moradores não tomam as medidas preventivas necessárias e acabam cometendo um crime ao dar fim aos ninhos quando os filhotes começam a fazer barulho. “Já realizei um resgate no bairro do Perequê e indicamos a vedação dos telhados para evitar novas procriações. Alguns meses depois, fui acionada pelos mesmos moradores, que não tomaram as medidas necessárias e as maritacas voltaram ao mesmo local”, conta Silvana.

Para ela, a conscientização é fundamental para evitar acidentes e preservar a espécie, já que muitos não sabem como proceder nestes casos e acabam cometendo muitos erros. “Recentemente a dona de uma casa mandou seu funcionário exterminar os ninhos de seu telhado, mas o pedreiro ficou com pena dos animais e pediu nossa ajuda, só por isso, conseguimos salvá-los”, diz a ambientalista.

Ela conta que a poda neste período do ano também não é aconselhável, bem como o corte de troncos secos, pois estas ações diminuem os locais propícios para reprodução de diversas aves e obrigam os animais a recorrer a outras opções, como é o caso do que vem ocorrendo com as maritacas. Desde o começo de setembro, ninhos já foram registrados em diversos estabelecimentos, especialmente em locais onde há maior intervenção humana, como nos bairros da Água Branca, Barra Velha, Perequê e Vila.

Recentemente, casais de maritacas botaram ovos e seus filhotes acabaram roendo fiações e interferindo na rotina de locais como a Secretaria da Educação, Câmara Municipal e Instituto Ilhabela Sustentável. Em todos os casos, as autoridades foram acionadas e as medidas corretas foram tomadas, sem interferir na rotina dos animais, nem das pessoas. “Isolamos o local dos ninhos e vedamos o restante do telhado para evitar o retorno dessas ou outras aves, uma medida simples que preserva a espécie e evita aborrecimentos”, finaliza Silvana.

 

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