Estrangeiros esperam que Brasil crie soluções sustentáveis

MANAUS – Marcado pelas presenças do ator Arnold Schwarzenegger, do cineasta James Cameron e do ex-presidente americano Bill Clinton, o 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade mostrou que o Brasil está ganhando importância no cenário global não só pelo crescimento da economia, mas também pelo potencial de fornecer soluções para um mundo mais sustentável. “Não tenho ideia de como construir uma sociedade sustentável sem o Brasil apontar o caminho”, disse Clinton na noite do sábado, último dia do evento realizado em Manaus.

 

Embora a construção de hidrelétricas tenha sido criticada por seus impactos ambientais e sociais, a produção de etanol com cana de açúcar foi elogiada por praticamente todos os convidados internacionais. Tanto Schwarzenegger, quanto Clinton foram otimistas com relação a uma possível queda das barreiras tarifárias americanas ao combustível renovável – o que dá esperanças para o sucesso do etanol como commodity global.

Por causa do desastre no Japão, a energia nuclear também foi bastante questionada, mas as posições foram divididas. Como alternativas foram apontadas a geração eólica e solar – duas tecnologias que o Brasil utiliza pouco ainda e foi cobrado por causa disso. O que pareceu claro para os convidados é o fim da era de um mundo movido a combustíveis fósseis, mais pelo problema do aquecimento global que pela sua finitude.

Alertas para a empolgação com o pré-sal foram dados. Formada em sua maioria por executivos e diretores de grandes corporações no Brasil, a plateia do fórum também recebeu diversas dicas de como aplicar a sustentabilidade nos negócios, mostrando que é possível conciliar o crescimento econômico e a preocupação ambiental. Além disso, tanto o empresário Richard Branson, como o consultor Adam Werbach, foram taxativos ao afirmar que as companhias que não perceberem a mudança de rumo estão fadadas ao declínio. “Sustentabilidade em empresas significa possibilidade de lucro em longo prazo”, afirmou Werbach na sexta-feira.

Polêmica

Em menor grau do que no ano passado, a construção da usina de Belo Monte apareceu nos principais debates. Comedido no primeiro dia ao lado de Schwarzenegger, Cameron foi mais uma vez o “advogado” das causas indígenas e propiciou um dos momentos mais emocionantes das coletivas de imprensa: o discurso indignado do cacique Raoni Txucurramãe, traduzido do kayapó por Terry Turner, da universidade Cornell. O líder índigena criticou o governo de Lula e Dilma e pediu compaixão pela vida dos povos que habitam a região da bacia do Xingu.

Sintomática também foi pequena participação de brasileiros sob os holofotes do evento – entre os poucos que subiram ao palco principal estavam o consultor Fábio Feldmann e o senador Eduardo Braga. Além da fala de Raoni traduzida por um estrangeiro, o integrante do painel que levou o Nobel da Paz em 2007, junto a Al Gore, Philip Fearnside circulava pelo hotel Manaus longe dos flashes dos fotógrafos e apontava em bom português os principais erros nos projetos brasileiros para energia. Uma contradição, já que o Brasil é que deveria mostrar o caminho para o mundo.

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