Novo intercâmbio do Projeto Comer e Morar visitou comunidades tradicionais do Sertão de Ubatumirim

Trocas de saberes com moradores de outras regiões do Brasil têm proporcionado novas experiências e oportunidades aos caiçaras da Praia de Castelhanos e Ilha dos Búzios.

Nos início de maio, a equipe do Projeto “Comer e Morar – Viver no Território Tradicional da Mata Atlântica” levou caiçaras das comunidades tradicionais de Castelhanos e Ilha dos Búzios para visitar as comunidades tradicionais do Sertão de Ubatumirim, em Ubatuba. O encontro proporcionou aos participantes do projeto a oportunidade de conhecer o trabalho de beneficiamento de produtos agroflorestais desenvolvido por lá, além de compartilhar ideias experiências.

O programa começou com uma vivência na Unidade de Beneficiamento de Produtos Tradicionais do Sertão de Ubatumirim. A unidade é gerida pela ABU – Associação dos Bananicultores do Ubatumirim, onde são beneficiados frutos da produção da agricultura familiar, como a juçara e o cambuci. As polpas produzidas estão de acordo com as normas da vigilância sanitária e a produção é direcionada principalmente para a alimentação escolar, sendo a iniciativa reconhecida como referência de manejo agroflorestal na região.

Os associados apresentaram aos visitantes todas as etapas do processamento e beneficiamento dos frutos da palmeira juçara e mostraram as estruturas utilizadas pela comunidade.

Além disso, a ocasião trouxe a oportunidade de compartilhar conhecimento com representantes de outras comunidades, pois estava acontecendo um encontro dos manejadores de juçara da região do Litoral Norte de São Paulo e Litoral Sul do Rio de Janeiro, com a presença de integrantes do Fórum das Comunidades Tradicionais (FCT), Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), Quilombo do Campinho e demais produtores de juçara da região. Os comunitários da Ilha dos Búzios relataram como é a colheita e produção de juçara na ilha.

Em seguida, o grupo seguiu para uma visita ao Ervário Caiçara, espaço onde são cultivadas plantas medicinais e tem a proposta de resgatar e difundir a medicina tradicional dos povos que vivem na Mata Atlântica. Foi abordada a importância de preservar o conhecimento da medicina natural e fomentar o resgate e a valorização dos saberes culturais dos povos tradicionais. O Ervário possui mais de 150 espécies de plantas e árvores medicinais, dentro de uma área de roça de agricultura familiar.

O segundo dia do intercâmbio começou com um autêntico Café Caiçara, um importante momento para discutir o potencial dos produtos locais para geração de renda e resistência da cultura caiçara. O cardápio contou com café de cana, virado de banana, mandioca cozida, banana da terra assada no fogão a lenha, piché de milho, beraba, peixe frito com farinha, farofa de ovo caipira, pé de moleque de gengibre e suco de cambuci.

Após o café, o grupo seguiu para uma visita ao Sítio Roça Praieira, onde foi recepcionado pelos agricultores Lucas e Felipe. Eles apresentaram o local, que conta com uma grande diversidade de espécies cultivadas, e explicaram como é realizado o manejo agroflorestal da área. A propriedade conta com uma horta agroecológica, Sistemas Agroflorestais e meliponário. A principal produção é a juçara.

Cumprindo uma das principais missões do projeto, o intercâmbio mostrou aos caiçaras de Ilhabela exemplos práticos de que a articulação comunitária, a resistência e a permanência em seus territórios de origem são essenciais para o fortalecimento e valorização das comunidades tradicionais. E que é possível gerar trabalho e renda por meio da preservação dos seus costumes e do ambiente onde vivem.

O Projeto “Comer e Morar – Viver no Território Tradicional da Mata Atlântica” é promovido pelo Instituto Ilhabela Sustentável, por meio de um Edital de Inclusão Socioprodutiva da Fundação Banco do Brasil e conta com a parceria da Associação Castelhanos Vive.

Para saber mais, visite a página: www.facebook.com/comeremorar

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