Cai número de praias poluídas na região, mas número ainda preocupa

Fonte: Jornal Imprensa Livre | 08/02/2013 – LITORAL NORTE

 

Ilhabela tem 41,17% impróprias, maior número na região

 Thereza Felipelli

Diminuiu na última semana o total de praias poluídas no Litoral Norte, conforme boletim de balneabilidade das praias emitido ontem pela Companhia Ambiental do Estado (Cetesb). Eram 28 e agora são 20 com bandeira vermelha.

Assim como na semana passada, Ilhabela continua sendo o município com maior número de praias impróprias para banho. Lá, 11 praias estavam impróprias no boletim de 6 de fevereiro. Esse número caiu para sete no boletim de ontem, das 17 monitoradas pela Agência Ambiental, ou seja, às vésperas do Carnaval 41,17% das praias monitoradas estão impróprias no arquipélago. São elas Itaguaçú e Itaquanduba, na Região Central; Ilha das Cabras, Feiticeira e Curral, ao Sul; e Viana e Portinho, ao Norte.

Em São Sebastião, das 29 praias monitoradas, seis devem ser evitadas pelos banhistas (contra as oito da semana anterior), ou seja, 20% estão com bandeira vermelha: Prainha e Cigarras (Costa Norte); Preta do Norte, Deserta, Pontal da Cruz e Arrastão (Região Central). Caraguatatuba empata em porcentagem com São Sebastião. Lá, de 15 praias monitoradas, apenas três encontram-se impróprias (contra as cinco da semana passada): Prainha, Indaiá e Centro, todas na Região Central. Ubatuba é a menos poluída, com 12,12% impróprias. Na cidade, de 33 praias monitoradas, apenas quatro devem ser evitadas: Itaguá e Perequê-Mirim (Região Central), Lázaro (sul) e Rio Itamambuca (norte).

Ilhabela

Questionada, a Sabesp informou que o relatório da Cetesb com o balanço de 2012 apontou melhora significativa na balneabilidade do Litoral Norte em função das obras de esgotamento sanitário; porém a avaliação desta semana apontou 11 praias impróprias para banho em Ilhabela.

Segundo a Sabesp, apesar do investimento já realizado e das obras em andamento, existe a contribuição da poluição difusa (fezes de animais, lixos mal acondicionados nas vias públicas, entre outros) intensificada pelas fortes chuvas que têm caído sobre a região. Além disso, a empresa ainda destacou que a poluição das praias está diretamente ligada a lançamento irregular de esgotos, e à falta de conexão dos imóveis onde a rede coletora da Sabesp já está disponível à população.

Também questionada, a Secretaria do Meio Ambiente de Ilhabela explicou que esses registros se dão pelo longo período das chuvas, pela qualidade dos rios e córregos, resultado da falta de ligações na rede de esgoto e também pelas correntes marítimas advindas de outros municípios. Com os investimentos feitos pela Prefeitura de Ilhabela e a Sabesp desde 2009, o índice de coleta de esgoto saltou de 4% para mais de 50%. São novas redes coletoras, nova estação de tratamento e emissário submarino. A meta é atingir 70% até 2014.

Instituto Ilhabela Sustentável

“Enquanto o município não destinar verbas para o sistema de tratamento de esgoto nunca conseguiremos melhorar o turismo na Ilha, afinal o turista informado não vai querer frequentar praias impróprias para banho”, disse Gilda Nunes, do Instituto Ilhabela Sustentável (IIS), Ong que enviou no dia 24 de janeiro carta à Sabesp, ao Ministério Público Ambiental e demais órgãos ambientais, sem nenhuma resposta até o momento.

Segundo o IIS, apesar da ampla divulgação da Sabesp na mídia (Projeto Onda Limpa), de que houve melhoria na balneabilidade das praias do município, a situação atual é cada vez mais crítica. A Ong realizou um comparativo de balneabilidade das praias de Ilhabela, com informações retiradas do site da Cetesb indicando que as praias de Itaquanduba/Itaguaçú pioraram significativamente no ano de 2012. “Isso nos leva a concluir que o sistema do emissário submarino do Itaquanduba/Itaguaçú implantado no período não é eficiente, diferentemente do sistema terciário implantado na Praia do Pinto, que foi uma das raras praias onde notou-se melhorias na balneabilidade”, avaliou o Instituto.

Ainda de acordo com o IIS, a população atendida pelo sistema de afastamento de esgoto atinge menos que 25% dos domicílios, contando apenas com 2.390 ligações domiciliares de esgoto conforme informação da própria Sabesp em setembro de 2012, divergindo das metas de atendimento estipuladas em diversas apresentações realizadas pela mesma em Ilhabela.

O número de economias (imóveis conectados, incluindo moradores, veranistas e comércios), segundo o IIS, que possuem conexão de água chega a 12.109, que deve ser o mesmo número necessário de ligações de esgoto. “De acordo com as metas estabelecidas em 2007, deveríamos ter hoje perto de 86% de atendimento. Já em 2009, essa meta foi baixada para 70%, em 2012 novamente baixada para 50%, quando hoje na realidade temos menos que 25%”, analisou a Ong, que ainda declarou que, conforme informações obtidas dos próprios funcionários da empresa contratada para efetuar as ligações, a capacidade atual é de aproximadamente 5 a 10 ligações/dia. “Portanto fica óbvio que, com 12 mil economias, o tempo necessário para atingir a universalização é absolutamente inaceitável, principalmente considerando que nossa cidade vive do turismo e de suas praias e cachoeiras”, avaliou.

 

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