Sustentabilidade! Uma palavra que atualmente pode ser facilmente pronunciada por qualquer um de nós e que pronunciada em um discurso traz a “certeza” de que existe a preocupação com o meio ambiente, demonstra aos ouvintes o conhecimento com o que há de mais atual no mundo, que é a questão ambiental.
O que é mesmo sustentabilidade? Encontramos várias fontes que podem nos trazer de formas diferentes a mesma definição, que é a preocupação das atividades humanas na sua relação com o meio ambiente. Assim, foi que, em 5 de junho de 1972, na primeira conferencia das Nações Unidas sobre o meio ambiente, nasceu a nível internacional as primeiras ações chamando atenção do mundo para temas como poluição e degradação ambiental, trazendo no item 6 da declaração, a necessidade de “defender e melhorar o ambiente humano para as atuais e futuras gerações”, mas que sozinhas não seriam suficientes e por isso mesmo, foi objetivado ser alcançado com a paz, o desenvolvimento econômico e social.
Para ser SUSTENTÁVEL, tem que ser: economicamente VIÁVEL; ambientalmente CORRETO e socialmente JUSTO. E aqui estamos nos referindo às atividades humanas.
E como podemos fazer este movimento se ainda temos dificuldade de sustentar as nossas relações interpessoais? É certo que a qualidade da relação Intrapessoal (consigo) e Interpessoal (com o outro) quer seja pessoal ou virtualmente, é que definirá se existirá ou não a sustentabilidade nessas relações e delas para o desenvolvimento.
A sustentabilidade começa em nós mesmos! Temos que ser economicamente viáveis, trabalhando para o nosso sustento. Essa atividade deve ser ambientalmente correta. Por fim, completando o tripé, ela deve ser socialmente justa.
Uma atividade econômica que sustente a nossa existência será considerada viável, quando for suficiente para atender às nossas necessidades básicas, no mínimo. Para que seja ambientalmente correta, devemos nas nossas atitudes diárias mudar comportamentos de consumo das riquezas naturais, principalmente as minerais que não são renováveis e um dia deixarão de existir. Para que seja socialmente justa, devemos respeitar as diferenças de toda ordem e entender o que é SER cidadão, tendo na base dessas relações o respeito, pois de acordo com a nossa Constituição cidadã de 1988, que reza em seu Art. 5º que “todos somos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a todos os brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade… “
Passados 39 anos da Conferencia de Estocolmo e apesar de tão usado nos discursos, principalmente em campanhas eleitorais, percebemos o quanto é difícil entender que a principal e única razão da preocupação com o uso sustentável dos recursos naturais, é a sobrevivência do ser humano hoje e das gerações futuras. Ao contrário dessa verdade, muitos acreditam erroneamente que a razão é proteger plantas que não produzem alimento e bichinhos em detrimento do homem que cada vez mais precisa produzir alimento, tentando desqualificar a importância de toda espécie de vida, para a nossa vida. E agora?
É óbvio que existe uma grande distorção da verdade já que, para produzir alimentos, é necessário termos solo fértil, nascentes preservadas para continuarem produzindo água e assim toda a cadeia deve ser preservada com corredores ecológicos mantidos, garantindo a preservação de todas as espécies, que garantirão ao homem a sua própria perenidade.
É importante que cada um de nós faça a reflexão de uma, dentre tantas frases de Mahatma Gandhi, que disse “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome”.
Ao contrário, estamos assistindo a cada dia, o homem sendo expulso do campo de toda forma, seja atraído pelo que oferece a grande cidade ou pelos grandes empreendedores que precisam cada vez mais de mais terra para suas monoculturas pobres de diversidade, ao contrário do nosso cacau, que certamente é a mais diversa das monoculturas, pois conservou muito do nosso bioma Mata Atlântica e sua fauna. Essas monoculturas estão ligadas a uma ordem global e saem do nosso território em forma de commodities, quando poderíamos e somos competentes para agregar valor ao que produzimos, gerando muito mais emprego e renda.
Vendemos soja, algodão e cacau, que vão lá fora serem industrializados e voltam para o nosso consumo. O tripé da sustentabilidade está sendo respeitado quando o agricultor tradicional é expulso para dar lugar aos grandes empreendimentos agrícolas ou quando os nossos governantes, com seus falsos discursos, em nome da geração de emprego e renda, usando recursos públicos, priorizam estruturas logísticas, por exemplo, para beneficiar ao interesse privado com data certa para ter fim?
A certeza de sustentabilidade começa em NÓS! O quanto as nossas atitudes para a nossa viabilidade econômica é ambientalmente correta e socialmente justa?
*Maria do Socorro Mendonça, Cidadã ilheense, membro da Associação Ação Ilhéus, Conselheira no CONDEMA – CONSELHO EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE DE ILHÉUS, Conselheira no CONCIDADE – CONSELHO DA CIDADE DE ILHÉUS, Conselheira na Câmara de Turismo da Costa do Cacau, Conselheira no Comitê Gestor do PMBE – PARQUE MUNICIPAL DA BOA ESPERANÇA DE ILHÉUS.